Eu sempre fui uma pessoa econômica. Desde pequeno eu guardava e cuidava muito bem de tudo que eu ganhava, inclusive o que eu achava na rua. Meu pai sempre nos incentivou a guardar moedinhas em cofrinhos e as vezes nós passamos muito perto de uma educação financeira propriamente dita. Bem o tempo foi passando e eu fortaleci minha característica de juntar dinheiro, mas eu juntava para gastar. A noção de longo prazo surgiu na minha vida muito mais tarde, aos 29 anos.
Como eu sempre guardava parte do dinheiro que eu ganhava, eu sempre consegui comprar as coisas que gostava sem ter que pedir muito. Quando o brinquedo era caro eu oferecia pagar parte do mesmo para tê-lo. Assim eu conquistei bicicletas, fitas de videogame, roupas, calçados e até um boa parcela de um intercambio que fiz no período da universidade.
Eu já sai da faculdade empregado e desde então eu nunca fiquei sem emprego. Eu nunca tive a mentalidade de "mais é melhor" e, consequentemente, eu sempre trabalhei de uma forma em que eu pudesse fazer outras coisas. Eu gostava do meu estilo de vida. Como eu trabalhava com consultorias eu sempre organizava minha agenda tentando manter a proporção Viagens X Casa. Então minha aproximadamente 50% do meu ano era trabalhando fora e 50% do ano era trabalhando ou realizando outras atividades em casa (e.g. lendo livros, estudando, escrevendo artigos).
Minha primeira imprudência financeira foi comprar um carro. Esse veículo veio a calhar na época e eu fiz um bom uso dele no começo. O problema foi a condição a qual me coloquei financeiramente. Para você ter uma noção, eu dei R$10.000,00 de entrada e parcelei o restante em suaves prestações de 48 parcelas de R$724,21 reais. A minha válvula de escape mental para conviver com essa divida era que, o financiamento foi realizado na modalidade CDC e então eu poderia antecipar parcelas.
Em 2014 eu comecei a suspeitar que minha área de trabalho estava começando a passar por alguma transformação, pois eu comecei a ser substituído por profissionais menos qualificados nos projetos os quais eu executava. E foi isso que aconteceu, a crise do governo Dilma quase me engoliu. No final de 2014, já ciente que se tratava de uma crise eu resolvi ingressar no mestrado, mas para isso eu precisaria garantir que teria uma bolsa de estudo. Então eu ingressei no mestrado e ainda consegui manter o projeto mais rentável que eu estava envolvido. Eu fiquei muito feliz na época e fazendo uma retrospectiva hoje eu acho que não poderia ter sido melhor.
Eu consegui manter minha renda, me especializar, quitar o carro e sobreviver a crise. Confesso que o mestrado não é um terreno plano e sim um caminho tortuoso e cheio de desafios, mas eu consegui termina-lo. Junto com o final do mestrado, também foram finalizados todos os projetos os quais eu participava. Foi então que eu entrei em um novo projeto. Esse novo projeto era o projeto dos sonhos! Eu estava muito feliz de estar nele e me dediquei exclusivamente a ele. Um observação importante é que eu sou biólogo, então quando o caro leitor pensar em salários, por favor, não pense em nada mais do que R$3.500,00.
O 1º Start!
Foi na época desse projeto que ocorreu a minha virada de chave. Eu estava as vésperas dos 30 anos e nunca tinha contribuído regularmente com o INSS. E para aumentar a minha agonia a reforma da previdência estava começando a ser discutida. Diante do pavor de ser um idoso sem recurso algum eu comecei a pesquisar sobre previdência e aposentadoria. Foi então que, em uma dessas pesquisas eu fui apresentado ao Blog de Valor, do André Bona. Lendo os artigos e assistindo os vídeos eu vi que nas condições atuais eu não iri me aposentar nunca.
Foi ai que ocorreu a primeira virada de chave da na minha vida! Fazendo contas as contas eu realizei que eu não iria me aposentar da forma que eu gostaria contribuindo com o INSS e nem entrando no plano de previdência do Banco do Brasil. Foi uma grande mudança de mentalidade abrupta na época, pois como minha mãe era funcionária publica, eu via a aposentadoria como uma vantagem.
O 2ª Start!
Em meio a essas descobertas ocorreu a segunda virada de chave. Eu sempre guardei dinheiro para viajar ou comprar coisas. Eu tinha uma espécie de reserva de emergência, sem saber o que de fato era uma reserva de emergência. Foi então que no meio de minhas descobertas sobre investimento aconteceu o inimaginável. Com a mudança de contrato do projeto o qual eu estava envolvido, eu fiquei 5 meses sem receber dinheiro algum. Eu consumi toda a minha reserva e precisei pedir dinheiro emprestado nos últimos meses.
Eu continuei trabalhando no projeto, pois tinha a certeza de que receberia em algum momento e eu gostava muito do trabalho. Foi nessa época que eu me aprofundei em investimentos. Quando o salário finalmente caiu na conta eu honrei todas as minha dividas e fiz o primeiro aporte na minha reserva de emergência. Foi o meu primeiro investimento: Tesouro Selic!
Evolução
Com o passar do tempo eu estudei mais afundo as outras formas de investimento e cheguei até a investir em fundos multimercado. Quando eu descobri o mercado de ações e fundos imobiliários eu dei uma nova guinada na minha forma de investir. Paralelo a isso eu consegui um novo emprego, agora com carteira assinada e com diversos benefícios. Eu vendi o meu carro, pois não precisaria mais dele e investi todo o dinheiro.
Desde então, junho de 2018, eu realizo investimento com foco em longo prazo. E agora, a partir de 2020 eu quero poder compartilhar minhas experiências com pessoas que, assim como eu, estão querendo começar. Quando eu via pessoas com R$50.000,00 investido eu pensava que nunca conseguiria e o tempo me mostrou que isso é possível. Hoje me espelho na perseverança das pessoas que tem um patrimônio maior. Eu não quero um cifra! Eu quero trabalhar até morrer, mas eu invisto para chegar o momento em que eu poderei trabalhar da forma que gosto, com o que gosto, da melhor forma possível: com segurança e liberdade financeira.
Fortes abraços,
